Luna Rosa
Cidade: Rio de Janeiro-RJ
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Você acha que cresceu o número de praticantes de yoga no Rio de Janeiro nos últimos 10 anos?
Não sei se o número de praticantes cresceu ou se o meu círculo de conhecidos nesse meio é que expandiu (risos). Meu primeiro contato com o yoga foi há mais ou menos dez anos: um curso de respiração, que cheguei através de um anúncio de jornal. Naquela época, eu não conhecia ninguém que praticava yoga. De lá pra cá, foi notório o aumento da quantidade de pessoas conhecidas que começaram a praticar e de amigos que também viraram instrutores. Sinto que, em termos de asana (posturas físicas), houve sim um aumento significativo no número de praticantes. Acho que além do modismo, que é inevitável, o movimento que temos aqui no Rio de trazer o yoga para as ruas, com aulas ao ar livre e em meio à natureza ajuda a dar visibilidade e atrai as pessoas para a prática. Mas vale ressaltar que o yoga não se resume apenas às posturas físicas.
O que os instrutores de yoga poderiam fazer para se unir e, assim, ajudar no crescimento do yoga no Brasil?
O projeto Sangha 365 está sendo muito bom para sabermos quem são e por onde estão os professores de yoga no Brasil, possibilitando a formação de uma rede ampla e diversa. Quanto a ajudar no crescimento do yoga no Brasil, não sei se sou muito adepta dessa proposta, porque a ideia que me vem é de “catequização”. Na Índia, há um ditado que diz “quando o discípulo está pronto, o mestre aparece”. Cada um tem seu tempo e momento certo para entrar em contato com esse conhecimento. E não somos nós que determinamos. O que acho importante é seguirmos nosso dharma, mantendo o estudo e sadhana para que estejamos preparados para compartilhar e trocar experiências com os alunos que aparecerem. Vale reforçar que a visão do yoga como sendo apenas prática de asana é uma visão ocidental. O asana tem sua importância. No processo de autoconhecimento, as posturas trabalham do denso pro sutil e são muitas vezes a porta de entrada para a espiritualidade. Mas não é a única disciplina. Há de se ter cautela para não tornar esse conhecimento tão antigo e profundo, algo superficial, reduzido apenas a exercícios físicos.
O que instrutores de yoga podem fazer para que o yoga seja financeiramente acessível a todos?
A questão do dinheiro tem sempre vários aspectos envolvidos e é um assunto delicado e polêmico. Não acho que devemos atrelar a troca desse conhecimento a valores exorbitantes. Acho muito importante tornar o yoga financeiramente acessível a todos. Mas como fazer isso de forma harmoniosa e balanceada, de modo que a troca seja justa para ambos os lados (aluno e professor), sem que haja desvalorização da profissão e do profissional? Aulas gratuitas ao ar livre e projetos em comunidades ou instituições são algumas possibilidades que podem dar certo.Pode-se conseguir apoio de um patrocinador e dessa forma proporcionar aulas gratuitas. No meu caso, com o intuito de tornar o yoga mais acessível, idealizei o Projeto Itinerante Yoga para Todos que oferece aulas abertas e gratuitas ao ar livre, com espaço para contribuição espontânea; para que todo mundo possa praticar. E posso dizer: o retorno é sempre satisfatório. No caso de aulas regulares, acho importante o aluno contribuir com alguma coisa, nem que seja um valor simbólico, que caiba no bolso dele. Mas trabalhar de graça na sociedade em que vivemos fica muito complicado.